As pessoas são o que são, quando o são, porque o contexto faz a pessoa. Mas
nem sempre devia. Aprendi que ser empático requer treino, experiências, paciência
e muito trabalho. Não é de um dia para o outro, nem de um ano para o outro. Vamos
aprendendo, em passos de bebé, e talvez uma vida inteira não chegue para o
conseguir ser.
Que ninguém diga que é fácil pôr-se no lugar do outro, porque não é. Se
assim fosse, não existia terrorismo, guerras, metade das discussões. As pessoas
compreenderiam melhor aquilo que não gostam no outro, agiam de outra forma na
medida da compreensão. Mas não, não o conseguimos ser ainda verdadeiramente. Dizem
que há razões que a própria razão desconhece, e é exatamente isso. Quando os pais
dizem não e os filhos não gostam, por detrás da possível raiva, os mesmos não entendem
que os pais tem a sua razão, e quando os filhos tem atitudes que os pais condenam,
por detrás da autoridade, também está a razão dos filhos que os mesmos não reconhecem.
E o mesmo digo entre casais, amigos, grupos, sociedade em si. Quando nos pomos
no lugar do outro, deixa de haver necessidade de perceber o fanatismo do outro,
a sua orientação sexual, a sua religião… passa a haver o respeito e a aceitação.
Não existe verdades universais, cada um tem a sua verdade, e por mais que seja
diferente da minha, eu tenho que a saber aceitar para que mereça que a minha também
o seja. E por não haver verdades universais, é que se torna muito difícil ter-se
razão. Toda a gente tem razão, caso sejamos empáticos.
Só
quem consegue perceber a razão do outro, é que consegue ser empático. A
empatia, a razão, a verdade e o respeito, andam de mãos dadas e não funcionam
se caminharem separadas. É aqui que a minha liberdade começa, quando consigo
dar liberdade aos outros de serem livres comigo.