20 de março de 2014

Em-contro-me.

É bom encontrar-me exactamente no lugar de onde nunca deveria ter saído. É bom encontrar-me em mim e saber ficar. É realmente bom saber ficar no meu lugar. Sem medos ou inseguranças. É tranquilizante a forma como já posso apagar a luz e deitar-me na cama sem ter medo do escuro, sem ter medo de estar sozinha. Não ter medo de estar sozinha é encontrar-me em mim. E nem sonhas o quão isso é positivo. Encontrar-me em mim significa não precisar que me encontrem . Encontro-me mas não vivo de encontros com alguém que um dia me encontrou. Gosto de encontrar-me perdida simplesmente no meu lugar. Nunca devia ter-me perdido noutro lugar, noutro chão ou em qualquer outra coisa por muito que parecesse aliciante. Todas as coisas mudam, e se eu me perder muitas vezes posso perder a noção do caminho de volta ao meu lugar. Por isso, mantenho-me encontrada para que me perca somente em mim, somente dentro de mim. Não gosto de desencontros, mas também não aprecio encontros. Gosto da ocasionalidade de uma boa coincidência. E fico feliz por já nada coincidir comigo, por já não coincidires comigo. Nem os lugares, nem as ruas, nem os sons... Será coincidência por também te teres perdido?  Nem sequer interessa(s), o bom no meio disto tudo é mesmo saber de mim e saber que não estou perdida, é chegar a casa e não ter que acender luzes porque já não há barulhos, nem sombras, nem nódoas, porque já não há absolutamente nada que me atormente e me tire o sono. Num desencontro ocasional pode ser que te encontre ocasionalmente por aí, mas vou desejar manter-me encontrada.