22 de abril de 2015

Cronologicamente falando.

Parei no tempo para te ouvir falar, mas tu só olhas-te. Incomoda-me quando tu só olhas e não falas, quando eu te questiono e tu não me respondes nem que seja abanando a cabeça. Tu calas-te e isolas-te no teu mundo cor-de-rosa, onde por muito que não queiras deixar ninguém entrar, quando dás por ti nem tu mesma lá cabes.
Esse teu mundo cor-de-rosa é um eufemismo, poderia chamar-lhe de teu coração. Minto quando digo que querias viver sozinha dentro dele? Faz como sempre, baixa a cabeça, olha para ele, massaja-o se quiseres e não respondas. Não é a pôr-lhe entraves que tu o vais proteger, é fazendo com que o tires da boca, desses teus lábios delineados que sobressais com o batom. Será por isso que te calas e te fechas? Por teres medo de dizer aquilo que não queres ou não podes? Eu sei que não adianta de nada questionar-te, a única coisa que provavelmente irás fazer é sorrir e acenar, como fazem as princesas. Não te protejas tanto, estás a errar ao agir dessa forma. Só com as quedas é que se aprende e tu sabes que ainda tens tanto para aprender.
O que vês quando te olhas ao espelho? É retórica esta pergunta, nem sequer precisas de a fundamentar porque eu sei perfeitamente o que vês. Só queria que te visses com os meus olhos. Aceitas trocar? Não adianta frisar que é o teu interior que te sustenta, não são os teus lábios com batom que te definem, é aquilo que tu és. Sãs as tuas pernas que te fazem andar mas não são elas que te movem, não no sentido literal. É o que tu és que te move - e que me move também. Não é bonito tu provocares estas reacções? Sermos diferentes é bonito. Ainda te estudo, todas as noites enquanto dormes eu fico a olhar-te e a tentar desvendar quais são os teus pesadelos noturnos. Eu consigo desvendar os diurnos porque tu - melhor que ninguém - reforças que o os olhos são o espelho da alma. Mas a noite, durante o teu sono, durante o tempo em que não são as tuas vontades que falam por ti, os teus olhos estão fechados. A beleza dos teus olhos está em ti, no que tu deixas transmitir por eles. Entendes agora porque te digo que és tu e aquilo que tu és que dão cor à pessoa que formas? Que te pintam de cor de rosa princesa? É simples, cala-te - como sempre - e cala-me. O silêncio é a única coisa que, quando dizem o seu nome, ela deixa de existir. E tu gostas que tudo exista no tempo certo por isso, cala-nos... Fez-se silêncio,