20 de janeiro de 2016

A primeira vez que alguém suficientemente perto partiu para demasiadamente longe.

Ao longo da vida ouvi falar de dias maus, dias insuportáveis, dias complicados, difíceis... ouvi falar naquilo que era o pior dia da vida de alguém. Quando só ouvimos falar achamos que um dia menos bom é o nosso inferno mas quando realmente vivemos o pior dia das nossas vidas vemos que a partir daí tudo é diferente.
Já passou um ano desde que o meu dia mau, insuportável, complicado, difícil e o pior dia da minha vida surgiu e o sol ainda nem tinha nascido. Lembro-me desse dia como se não houvessem 366 dias entre ele e o dia de hoje.
Foi a pior noticia que recebi, acho que nunca em vinte anos o meu coração se apertou tanto como naquela madrugada, na verdade também foi a pior noite da minha vida. Quando se ouve que alguém partiu, há uns momentos em que simplesmente não consegues pensar e outros em que pensas demais. Foi a primeira vez que alguém suficientemente perto partiu para demasiadamente longe. Após aliviar o stress pós-traumático mil pensamentos invadiram-me,"e se, e se, e se, se..." e agora finalmente após reflectir talvez consiga responder que se tivesse sido diferente provavelmente teria sido tudo igual na mesma... A verdade é que, até sentirmos na pele de uma forma que além de magoar deixa marca, o nosso comportamento será sempre o mesmo, talvez porque não haja tempo para arrependimentos porque tudo continua igual. Mas agora, eu consigo dizer que, "se" eu soubesse que as coisas foram e são como foram e tem sido, eu esforçava-me para que tudo fosse diferente. Antes custava-me acordar mais cedo para ir almoçar contigo, hoje só o facto de não puder almoçar contigo custa-me muito mais. Só quando a primeira pessoa próxima de nós parte, é que começamos a dar realmente valor e não há peito que consiga suportar o tamanho da dor que eu sinto por não ter querido fazer por ti aquilo que podia enquanto podia porque infelizmente agora é tarde demais e já nada posso fazer.
Não há um dia desde esse dia que eu não pense em ti, que não pense na forma como as tuas mãos apertavam as minhas, não há um dia em que não desejasse que me enchesses de beijinhos como só tu sabias fazer, e pior, não há um dia em que consiga escrever sobre ti, falar e ouvir sobre ti sem fazer uma força incontrolável para não chorar, coisa que nem sempre é bem sucedida. Foste a melhor do mundo a desempenhar o teu papel, a minha infância e parte da adolescência tem a tua imagem, os teus cuidados, o teu amor. É muito difícil para mim ir visitar-te, a imagem que tinha tua não era de pedra e prefiro afastar-me sem nunca me distanciar e a prova disso é que o teu lugar terá sempre um pedaço meu. Dói muito a ideia de nunca mais te ter então prefiro olhar para a Lua e sentir-te perto de mim, como se para longe nunca tivesses ido.
Não há um minuto que passe, em que eu não reduza, no tempo em que eu espero por ti, como sei que não podes voltar, espero que pelo menos, um dia vá realmente ter contigo e conseguir mostrar-te o tamanho do amor que sinto por ti.
Desculpa e Obrigada, são as palavras que sempre te direi.
Com amor, Daniela.